
O suspense psicológico A Namorada Ideal, lançamento em alta no Prime Video, entregou o que prometeu: reviravoltas surpreendentes até culminar em um final insano. Ninguém melhor do que Robin Wright, protagonista, produtora-executiva e diretora da minissérie, para destrinchar o que aconteceu.
[Atenção: spoilers a seguir]
Em entrevista ao site Entertainment Weekly, Robin Wright falou sobre o desfecho de A Namorada Ideal (The Girlfriend), que tem como base o livro homônimo de Michelle Frances, publicado no Brasil pela editora Astral Cultural.
Depois de seis episódios em que manipulação, paranoia e mentiras se entrelaçam como num jogo de xadrez, a narrativa colocou frente a frente Cherry (Olivia Cooke) e Laura (Robin Wright) em uma disputa visceral pelo afeto de Daniel (Laurie Davidson), filho de Laura e noivo de Cherry.
Nas cenas derradeiras, mãe e namorada se enfrentam de forma brutal na casa da família. A tensão explode quando Laura parte para o ataque, arrastando a rival até a beira da piscina. Daniel, ainda atordoado por ter sido drogado pela própria genitora pouco antes, desperta a tempo de ver a cena. Em choque, ele reage de maneira instintiva: mergulha e mantém Laura submersa até que ela não resiste e morre nos braços do filho.
O salto no tempo revela o casal Daniel e Cherry aparentemente feliz, à espera do primeiro filho. Mas a calmaria dura pouco. Ao encontrar o celular esquecido de sua mãe, Daniel descobre uma gravação na qual a sogra de Cherry alerta sobre seu comportamento manipulador e perigoso. O olhar horrorizado dele diante do sorriso sereno da mulher grávida encerra a trama com uma nota de ambiguidade inquietante.
No papo com a Entertainment Weekly, Robin Wright comentou a decisão criativa tomada na conclusão. Segundo a atriz, a intenção foi deixar a interpretação em aberto: “Ele está entorpecido, em estado de choque, sem distinguir realidade do instinto. Para Daniel, naquele momento, a mãe virou o animal que ameaçava sua amada”, justificando, assim, o ato de afogar Laura.
Essa ação drástica de Daniel reflete as atitudes das duas mulheres ao seu redor, na visão da atriz veterana:
“É sobre até onde a mente pode ir, sobre como você entra nessa visão de túnel. Você não consegue enxergar nada além do seu túnel. E é isso que acontece no final com as duas mulheres, nenhuma delas está disposta a ceder.”
Robin também destacou a ironia central da narrativa: Cherry e Laura, apesar da rivalidade feroz, compartilham personalidades igualmente fortes. “Elas são muito parecidas, duas mulheres determinadas, acostumadas a estar no controle. Em outras circunstâncias, poderiam até ter sido grandes amigas”, argumentou.
A Namorada Ideal deixou ao público uma pergunta provocativa: quem realmente representou o perigo nessa história toda, a sogra possessiva ou a nora calculista? •

João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br