
O ator Charlie Sheen, aos 60 anos, decidiu abrir o jogo sobre a sua vida, escolhendo logo a Netflix, maior streaming do planeta, para contar a sua história, sem filtros. A plataforma do tudum lançou, nesta quarta-feira (10), o documentário aka Charlie Sheen, no qual o astro hollywoodiano falou sobre tudo, incluindo aventuras sexuais com outros homens.
No doc, Sheen deixa uma coisa clara: “Histórias que antes eu só confiaria a um terapeuta, agora estou pronto para compartilhar”. Ele diz estar consciente de que sua imagem muitas vezes foi reduzida a um estereótipo. “As pessoas não pensam em mim como indivíduo, mas como um conceito, um retrato de determinada época”, comenta.
Pela primeira vez, Sheen fala abertamente sobre experiências sexuais com homens, aventuras que ele descreve como “libertadoras”. “Nada desabou, nenhum piano caiu do céu. Foi apenas algo novo”, defende, sem arrependimentos. Para o ator, diante da realidade caótica do mundo, não faz sentido transformar esse aspecto de sua vida em escândalo.
Outro ponto delicado é sua convivência com o HIV. Em 2015, ele contou ao mundo ser portador do vírus causador da Aids em uma entrevista na TV aberta americana. Na época, Sheen anunciou que havia sido diagnosticado com a doença quatro anos antes da revelação pública.
No documentário da Netflix, o ator afirma que sempre avisou parceiros e parceiras sobre sua condição, usava preservativo e já estava com carga viral indetectável.
Ainda assim, diz ter sido alvo de chantagens para manter o diagnóstico em segredo. “Cheguei a pagar meio milhão de dólares para uma única pessoa”, revela. Apesar disso, garante: “Ninguém pegou isso de mim. Ponto final.”
Dirigido por Andrew Renzi, o doc também mostra um Sheen diferente. Ele afirma estar sóbrio há sete anos, reconciliou-se com Chuck Lorre, criador de Two and a Half Men, série que o consagrou, e até fez uma participação em Bookie, a mais recente comédia do showrunner rei da comédia.
As ex-mulheres Denise Richards e Brooke Mueller aparecem na produção, sinal de relações hoje mais civilizadas.
A ideia é que o público tenha um raro vislumbre de Charlie Sheen longe da caricatura que marcou sua persona pública, conhecendo assim o homem que sobreviveu a várias tempestades.
É o retrato de um ser imperfeito, cuja propensão à autodestruição não se compara ao amor feroz e ao perdão que ele inspira naqueles mais chegados. •

João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br