Análise: como A Idade Dourada foi de preterida a série imperdível

Lançada pela HBO em janeiro de 2022 numa noite de segunda-feira, A Idade Dourada chegou despretensiosamente, relegada à faixa do canal dedicada a produções menos prestigiadas. Porém, o drama de época provou que merecia mais. Após estabelecer recordes de audiência, foi promovido ao horário nobre da HBO, indo ao ar às 22h do domingo. E com o fim da terceira temporada, se tornou uma série imperdível.

Tudo isso com base em uma trama carregada de reviravoltas novelescas: protagonista alvo de tiro e beirando à morte, vaivém de noivados, serviçal que vira rico… E fofocas, muitas fofocas.

Um dos encantos de A Idade Dourada reside em transformar histórias aparentemente banais como se tivessem o mesmo peso de questões grandiosas, como greves, invenções tecnológicas ou avanço industrial. O que importa mesmo é o baile da debutante, o chef que não é francês, a travessia dramática de uma rua para cumprimentar vizinhos, e por aí vai.

A obra combina precisão factual e um toque de ironia calculada. A consultoria da historiadora Erica Armstrong Dunbar assegura que histórias reais, como a construção da Ponte do Brooklyn ou a ascensão das leis de divórcio, se entrelacem ao roteiro com naturalidade. 

Fora isso, existe uma atenção ao detalhe que é ímpar. Os atores recebem orientações minuciosas sobre etiqueta, desde como segurar taças até a postura à mesa.

Entre vestidos que levam semanas para serem confeccionados, bailes que parecem pinturas em movimento e diálogos afiados, A Idade Dourada constrói um espetáculo que mescla a grandiosidade dos salões com trapalhadas de disputas domésticas. 

É uma combinação que, ao mesmo tempo em que oferece conforto nostálgico, convida o espectador a rir e se fascinar com o exagero das pequenas coisas.

Agora mais forte do que nunca, quebrando recordes de audiência semana após semana, A Idade Dourada está com a quarta temporada confirmada. Sem dúvida, divide o posto com A Casa do Dragão, Euphoria, The White Lotus e The Last of Us como as séries mais importantes da HBO nesta metade da década. •

João da Paz

João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br