Queridinha da TV aberta americana, a sitcom Ghosts chega a um público maior no Brasil a partir deste sábado (1º). A série entra na Netflix com duas temporadas completas, atração que originalmente faz parte do catálogo do Paramount+. Agora, muito mais pessoas vão poder acompanhar essa comédia genuína que faz rir enquanto entretém o telespectador com uma boa história.
Ghosts é quase unanimidade entre os críticos (avaliação 100% no Rotten Tomatoes). E o público responde bem à série, presente entre as dez maiores audiências da TV aberta americana na atualidade. Considerando apenas as comédias, fica atrás somente de Georgie e Mandy, spin-off de Young Sheldon disponível na Max.
Quem nunca assistiu à série Ghosts pode se preparar: ela tem uma das melhores introduções de trama (piloto) dos últimos tempos. O primeiro episódio é primoroso, explicando muito a razão de ser do enredo e dando um aperitivo na medida certa sobre o que vem depois.
O humor sagaz de Ghosts
Essencialmente, a narrativa acompanha as aventuras de um casal da cidade grande (Nova York) que herda uma mansão mal-assombrada, localizada no interior.
A força de Ghosts está no humor sagaz, com um timing perfeito. O tal casarão existe há 300 anos. Almas de pessoas que morreram quando estavam na área da casa, dentro desse período, ainda transitam por lá, isso até conseguirem cruzar a fronteira do além.
Esses fantasmas (ghosts, em inglês) estão exatamente do jeito que faleceram. Isso deixa a trama rica em personagens diversos. Tem indígena, hippie da década de 1960, soldado da guerra da revolução americana (gay enrustido), cantora dos anos 1930, executivo mulherengo (o morto mais novinho do grupo), viking (o fantasma mais velho), madame puritana…
A memória de cada um parou no tempo. Então, se o executivo, que bateu as botas no ano 2000, falar de um filme, por exemplo, ele precisa explicar para os mais velhos o que é um filme, antes de tudo. Essa junção de personagens sustenta, com solidez, a narrativa da série, rendendo muitas histórias e interações engraçadas.
Os herdeiros da mansão são dois nova-iorquinos, a jornalista Samantha “Sam” Arondekar (Rose McIver) e o chef Jay Arondekar (Utkarsh Ambudkar). Os fantasmas se apavoram com a ideia do casal de transformar a mansão em um hotel. Logo, decidem que vão assombrá-los.
É como se cada fantasma tivesse um poder. A cantora, por exemplo, pode soltar a voz e, embora não seja vista por pessoas de carne e osso, ela pode ser ouvida.
O plano acaba sendo um desastre. Mas Ghosts reservou uma reviravolta apresentada no final do primeiro episódio que concluiu com perfeição a trama do piloto, um dos melhores já feitos nos últimos tempos. É aquela revelação bem legal que faz com que o telespectador fique com vontade de ver os episódios seguintes.
Ghosts é adaptação de uma comédia britânica de mesmo nome. A versão americana está na quarta temporada, atualmente exibida pela rede CBS. •
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br