FICÇÃO VS. VIDA REAL

Presos combatem incêndios em Los Angeles, como retratado na série Fire Country

Drama sobre bombeiros disponível na Netflix é alvo de polêmica
REPRODUÇÃO
Bombeiros combatem incêndio em Los Angeles
Bombeiros combatem incêndio em Los Angeles

Os focos de incêndio que circundam Los Angeles desde terça-feira (7) estão sendo controlados aos poucos, mas longe ainda da contenção total. Entre os inúmeros agentes na linha de frente que lidam com as chamas ferozes, estão cerca de 800 presidiários integrantes de um programa de reabilitação tocado pelo corpo de bombeiros da Califórnia. Essa parceria é retratada na série Fire Country (canal Sony, Netflix).

A participação nessa ação de reabilitação é voluntária. Quem se inscreve atua como apoio, fazendo serviços mais simples para os bombeiros profissionais poderem se dedicar aos trabalhos urgentes e perigosos. A cada dia trabalhado, os detentos ganham redução na pena e um salário por hora que gira em torno de US$ 5,80 a US$ 10,24, bem abaixo do salário mínimo diário pago na Califórnia (US$ 16,50/hora).

Fire Country, lançada em 2022, aborda essa dinâmica mesmo sem ter a benção do Cal Fire, Departamento Florestal e de Incêndios da Califórnia, fundado em 1885. O drama ficcional irrita bombeiros da vida real.

Diretores do Cal Fire vieram a público esclarecer que o departamento não tem qualquer influência na série, pontuando que ali está sendo encenada uma representação equivocada da vida dos bombeiros na Califórnia, principalmente daqueles participantes da ação de reintegração de presos, em vigor desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Esse programa apresentado em Fire Country foi estabelecido para suprir a falta de profissionais durante aquele período de conflito mundial. Basicamente, os presos de baixa periculosidade selecionados trabalham combatendo incêndios e, em troca, ganham redução na pena e um pagamento em dinheiro.

Representantes dos bombeiros também ecoaram contrariedade. O sindicato chegou até a questionar na Justiça o uso do nome Cal Fire no enredo do drama, mas não obteve sucesso na argumentação.

Desde a estreia, Fire Country gerou debates intensos sobre a narrativa ali apresentada. Muitos telespectadores nem sabiam da existência desse tipo de reabilitação, passando assim a fazer alguns questionamentos, tanto sobre a ficção como sobre a realidade.

Bombeiros presidiários têm quatro vezes mais chances de se machucar no trabalho em comparação aos bombeiros de carreira, por exemplo. Os participantes do tal programa ganham bem menos do que um salário mínimo, gerando mais controvérsia.

Tem quem argumente que o salário deveria ser integral. Do outro lado, muitos pensam que, se for fazer isso, é melhor contratar um bombeiro de carreira ao invés de colocar uma pessoa inexperiente no combate às chamas descontroladas. Há ainda espaço para as pessoas que lutam para acabar com esse programa de reabilitação.

Em tempo: até a publicação deste texto, cinco focos de incêndio tomam conta da região metropolitana de Los Angeles. Números oficiais apontam 11 mortes em decorrência desse desastre. Mais de 12 mil estruturas (de casas a prédios) foram destruídas. A área consumida pelo fogo passa dos 37 mil acres.

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