Maior e mais cara série já feita pela Netflix Brasil, Senna não foi bem recebida pelos críticos estrangeiros. O drama biográfico sobre o piloto Ayrton Senna recebeu avaliações ruins, ganhando notas baixas nos dois principais sites que agregam reviews de veículos de língua inglesa: nota 50 (de 100) no Metacritic e nota 50% no Rotten Tomatoes; neste, o selo Tomate Fresco só é dado para atrações com críticas positivas acima de 60%.
Palavras tipo “entediante” e derivadas, tal qual expressões como “sem potência”, dominaram as avaliações de especialistas. Benji Wilson, do jornal britânico The Telegraph, fez uma observação estilo Chaves, daquela era-melhor-ver-o-filme-do-Pelé. Para o jornalista, a minissérie da Netflix é “profundamente enfadonha”, sendo mais proveitoso assistir ao premiado documentário Senna, aquele feito pelo diretor Asif Kapadia, de 2010, para ter um panorama mais fiel sobre a vida do piloto; este doc está disponível na Netflix.
Carol Midgley, do também britânico The Times, destacou Gabriel Leone como ponto positivo do drama esportivo brasileiro feito pela gigante do streaming. E só. “[A série Senna] é muito lenta, pouco potente, se esforça muito para engatar uma segunda marcha”, escreveu a jornalista.
Seguindo com as referências automobilísticas, o crítico Clint Worthington, do site Roger Ebert, disparou: “A minissérie perde o gás antes de ver a bandeira quadriculada na linha de chegada”. Ele também citou o documentário de Asif como melhor opção para conhecer Ayrton, afirmando que Senna da Netflix é menos honesta e menos poética do que o doc ao propor narrar a trajetória de vida do piloto.
Randy Myers, do jornal americano San Jose Mercury News, foi outro que exaltou a performance de Leone, dizendo que o ator entregou uma “atuação magnética” que só um pouco faz esquecer os tropeços narrativos vistos ao longo dos seis episódios.
A falta de profundidade dramática ganhou destaque no texto de Rachael Sigee, para o site inews: “Os personagens coadjuvantes têm personalidades fracas. Sejam os familiares do piloto, interesses amorosos, rivais, fãs e chefes de equipes… Todos são tão rasos que nenhum deles deixa uma marca além de seus nomes que brevemente piscam na tela.”
Já Erick Massoto, do site Collider, optou por um comentário mais incisivo: “A série comete um erro atrás do outro que nos faz pensar por que essa história precisava ser recontada”. Ele reforçou sua posição afirmando que os telespectadores não vão entender a razão de ser do fenômeno Senna por essa produção da Netflix. “A atração é completamente esquecível e não oferece nenhuma explicação sobre o motivo pelo qual o piloto se tornou uma criatura quase mítica no Brasil”. •
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br