O ano de 2024 provou que o papel de protagonistas que salvam o dia após superarem obstáculos espinhosos não é mais exclusivo de homens. De drama militar a ficção científica, mulheres estão liderando tramas que antes eram predominantemente encabeçadas por personagens masculinos. Zoe Saldaña (Lioness), Rebecca Ferguson (Silo), Ella Purnell (Fallout) são alguns exemplos dessa mudança.
Nada disso é coincidência, claro. No passado nem tão distante, quem monopolizava o controle remoto da televisão era a figura paterna da casa. Daí surgiu o termo Dad TV, rotulando séries que apresentavam um protagonista masculino dedicado a resolver problemas, dono de uma personalidade carismática e de fácil identificação, podendo ser especialista em um campo específico para, dessa forma, decifrar desafios inesperadamente.
A preferência agora é por personagens femininas nesse tipo de narrativa porque cada vez mais telespectadoras estão “controlando” o controle remoto. Hoje, o número de mulheres que assistem TV é maior do que o de homens.
Daí entra o caso de Lioness, atualmente na segunda temporada. O drama militar e de espionagem do Paramount+, se fosse feito décadas atrás, provavelmente não teria Zoe Saldaña no papel principal. A história é toda centrada em sua personagem, chamada de Joe, uma agente clandestina da CIA que comanda uma operação de inteligência de alto risco, tendo vários homens sob suas ordens.
Nessa mesma seara, a franquia Citadel (Prime Video) lançou mais uma série com uma mulher de protagonista: Matilda De Angelis, no spin-off Diana. O drama matriz conta com a liderança de Priyanka Chopra Jonas.
No celeiro das tradicionais séries procedurais (um caso apresentado e resolvido a cada episódio), surge High Potential, nova atração policial (inédita no Brasil) que foi um dos principais destaques da fall season de 2024 na TV americana. A protagonista é Kaitlin Olson, que interpreta uma mãe solteira dona de um QI elevado que ajuda na solução de crimes.
A franquia True Detective, em janeiro, soltou a quarta temporada com a premiada atriz Jodie Foster no papel principal, uma policial que investiga casos de desaparecimento numa região remota do Alasca (EUA).
No campo da ficção científica, os nomes que se sobressaem são os de Rebecca Ferguson e Ella Purnell, ambas elogiadas pela mídia e pelo público em suas respectivas séries de grande sucesso, Silo e Fallout.
Claro que o caminho do protagonismo feminino em terreno masculino foi aberto por nomes do nível de Mariska Hargitay (Law & Order: SVU) e Ellen Pompeo (Grey’s Anatomy), atrizes históricas que há mais de duas décadas seguem firmes em tramas procedurais, isso sem deixar o ritmo cair e ganhando cada vez mais público com o passar dos anos.
A tendência é vermos cada vez mais mulheres liderando séries antes destinadas a protagonistas homens. Veja alguns exemplos do que está por vir:
- Drama médico da Netflix, Pulse terá o protagonismo de Willa Fitzgerald (série Pânico, Reacher).
- Nicole Kidman será a médica-legista Kay Scarpetta em série do Prime Video.
- Emilia Clarke ganhou o papel principal de Ponies, novo drama de espionagem com a Guerra Fria (1947-1991) servindo de pano de fundo.
- Ryan Murphy chega com All’s Fair, drama jurídico estilo procedural sobre uma firma formada só por advogadas; Kim Kardashian viverá a personagem que é dona desse escritório. •
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br