A segunda temporada de Daryl Dixon, que estreia no Prime Video nesta quarta-feira (27), só torna a série ainda mais sem sentido. Isso porque agora é a Carol (Melissa McBride) que cruza o Oceano Atlântico, deixando os Estados Unidos para encontrar o amigo Daryl Dixon (Norman Reedus) na França, em uma sequência de eventos que beira o ridículo. A trama chuta o balde da lógica a favor de uma reunião extremamente inverossímil.
Sim, trata-se de uma série de ficção sobre um apocalipse zumbi, com um vírus que transforma mortos em vivos, feras sedentas de carne (humana, de preferência). Mas, por mais que uma história seja ficcional, é preciso ter um pouco de veracidade para fazer o mínimo de sentido. Caso contrário, o público vai zombar da licença criativa.
Há uma razão nobre por trás da escolha de The Walking Dead fazer um spin-off na França, local que na mitologia desse universo zumbi marca a origem do surgimento do vírus sem cura. Como criar uma história do zero seria complicado, alicerçada somente por personagens desconhecidos, surgiu a ideia de pegar o andarilho e solitário Daryl Dixon e jogá-lo no Velho Continente.
O problema é explicar como e por que Daryl foi parar na França. A primeira temporada falhou nessa missão, e a segunda elevou o nível de incoerência. A chegada de Carol em território francês desafia a imaginação mais inventiva.
Foi um desenvolvimento de roteiro estúpido. Os detalhes de como ela chega à França são spoilers, então fica para você descobrir assistindo aos novos episódios. Fato é que, obviamente, Carol reencontra Daryl, o que ele, com toda a razão, não acredita.
Depois de toda a emoção passar, os dois conversam sobre por que Carol tomou a atitude insana de largar tudo nos EUA, onde estava bem estabelecida na comunidade Commonwealth, para embarcar nessa loucura de atravessar o Atlântico em pleno apocalipse zumbi. Até eles acham tudo muito estúpido.
Carol admite que fez isso baseado em um feeling. Ele fica, logicamente, surpreso e pergunta: “E você deixou todo mundo em casa só por causa de um palpite?”. Carol respondeu apenas com um “Sim”, sem dar maiores explicações (porque não há, de fato).
A série Daryl Dixon tem seus méritos, principalmente por adotar um estilo de direção e produção diferente de outras atrações da franquia. Ter a França como pano de fundo é um refresco, propiciando ao público outro olhar sobre o apocalipse zumbi fora dos EUA.
O problema é que nada justifica, de forma plausível, a razão de Daryl estar lá. Agora com Carol na jogada, essa escolha só agrava a essência da narrativa. Ambos os personagens deixam características marcantes de lado para dar algum aval a essa história ridícula.
Aos trancos e barrancos, contudo, a série Daryl Dixon não arreda o pé, seguindo firme rumo à já confirmada terceira temporada. •
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br