O Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Rio de Janeiro, sob a presidência de Hugo Gross, quer provar que a Globo persegue atores de direita na montagem de elenco das mais diversas produções. Em entrevista ao jornalista Sandro Nascimento, do site NaTelinha, Gross contou que está reunindo provas e testemunhas para denunciar a Globo ao Ministério do Trabalho.
Até o momento, a Globo não se manifestou sobre esse caso. Gross mostrou-se revoltado com a situação que ele enxerga, de que existe um privilégio dado a atores de esquerda, sem contar a tendência de priorizar artistas com mais seguidores em redes sociais, não levando em conta o que deveria ser o único fator a ser considerado na escalação de elenco de uma novela ou série: o talento.
“Infelizmente, hoje é notório isso [exclusão de artistas de direita] e a gente vai combater”, afirmou o presidente do Sated-RJ. “Quando eu digo ‘a gente’ refiro-me ao sindicato, que defende o artista. O seu talento é o seu talento. A gente repudia de todas as maneiras a atual gestão que lá está, principalmente na arte da dramaturgia. Essa perseguição política, essa perseguição social.”
Ele citou o exemplo de Cássia Kiss que, em 2022, ano de eleição presidencial no Brasil, apoiou o candidato Jair Bolsonaro (que buscava reeleição) e teceu críticas contra Lula. “Você tem o direito de votar em quem você quiser. Cássia Kis é uma excelente atriz. Se ela levantou a bandeira por A ou por B, ela não pode ser excluída. Isso chama-se movimento de perseguição.”
Ao falar sobre outra problemática atual, a da preferência por atores com mais seguidores nas redes sociais, Gross citou outro exemplo prático: “Acabaram com José Mayer por causa de um achismo, que não tem absolutamente nada a ver, porque ele é um grande ator, maravilhoso. O cara chegou a ficar com depressão. Então, é desumano a atual gestão da direção artística da TV Globo, e nós aqui vamos lutar com unhas e dentes.”
Gross definiu como “panelinha” o que rola nessa dinâmica de escalação de elenco na Globo, reforçando que, “o talento sempre vai gritar, vai falar mais alto, e estamos aqui para defender isso”. De acordo com o presidente do Sated-RJ, “tem pessoas que estão dispostas a depor [sobre essas situações]. Vamos levantar sim e faremos uma denúncia no Ministério Público do Trabalho. Não vamos parar de lutar pela respeitabilidade do artista.”
Isso tudo, apesar de existir “pessoas [que] têm medo de se expor devido às perseguições óbvias”, ressaltou. Mas ele reafirmou que, no momento oportuno, as testemunhas vão aparecer. “A verdadeira razão de um sindicato é defender todos os trabalhadores da arte e os técnicos, e essa é a função e obrigação do Sated-RJ”, concluiu. •
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
