SHIKSA

A história real por trás de Ninguém Quer, comédia hit da Netflix

Criadora da série, Erin Foster usou sua história de amor como inspiração
REPRODUÇÃO/ARQUIVO PESSOAL
Simon Tikhman com Erin Foster, a criadora de Ninguém Quer
Simon Tikhman com Erin Foster, a criadora de Ninguém Quer

Série que tomou conta da liderança de audiência da Netflix na última semana, a comédia romântica Ninguém Quer é inspirada em uma história real. Inspiração é a palavra certa, porque o encenado não foi exatamente o que aconteceu passo a passo com a história de amor vivida pela roteirista e atriz Erin Foster, criadora da atração. Mas a essência da produção é verídica.

Erin nunca foi ligada a uma religião até conhecer o judeu Simon Tikhman, que ia à mesma academia dela em Los Angeles. Esse choque cultural foi suficiente para servir de alicerce para a trama criada por Erin. Só que para realmente existir um conflito instigante e divertido, a oposição entre os personagens teria de ser maior. Daí, entrou em campo a tão importante licença criativa.

Kristen Bell ficou com o papel da Erin ficcionalizada. A atriz de The Good Place encarnou Joanne, apresentadora de um podcast no qual dá dicas de sexo e namoro, acompanhada da irmã. Na vida real, Erin também tem um podcast com a irmã, batizado de The World’s First Podcast, no qual elas falam de vários assuntos do universo feminino, como amizades, dinâmicas entre irmãs, paquera, ansiedade, amadurecimento, maternidade…

Adam Brody ficou com Noah, um rabino jovem e descolado. Logo quando se conhecem, Noah e Joanne disparam as diferenças entre ambos, um jeito incomum de criar afinidade. Porém, foi exatamente isso que ocorreu com Erin e Simon: eles se apaixonaram enquanto jogavam na mesa as cartas que evidenciavam como eram opostos.

 

Kristen Bell com Adam Brody em Ninguém Quer
Kristen Bell com Adam Brody em Ninguém Quer

Enquanto Erin não se importava com o fato de Simon ser judeu, o contrário não era verdadeiro. Ele ficou receoso, na largada, de entrar em uma relação com uma gentia (pessoa não judia). No final das contas, ela se converteu ao judaísmo, os dois se casaram e tiveram uma filha (nasceu há quatro meses).

Simon sempre guardou a tradição judaica, apesar de não ser religioso fervoroso. Seus pais tiveram de escapar da União Soviética (atual Rússia), em 1979, após sofrerem perseguição por serem judeus. Eles aterrissaram em São Francisco, nos Estados Unidos.

Já Erin cresceu em uma família que nunca teve uma tradição religiosa. Seu pai, um compositor musical, casou cinco vezes; a mãe dela era modelo. Após a separação, sua mãe começou a namorar um judeu, e Erin assim conheceu um pouco mais dessa religião, chegando a ir à sinagoga e tudo mais, incluindo se matricular em um curso sobre o judaísmo.

Mal sabia ela que essa jornada atípica iria ajudá-la no futuro. Quando o relacionamento com Simon ficou sério a ponto de virarem marido e mulher, a roteirista entrou no processo de conversão, que durou dez semanas. O conhecimento adquirido anteriormente facilitou a conclusão dessa etapa.

Leia no Diário de Séries – Crítica: Ninguém Quer é para quem adora comédia romântica clichê

Em 2022, surgiram as primeiras ideias de uma série baseada nesse relacionamento. O estopim veio desse processo de conversão. Tanto que o título original da série, vendida primeiramente para a rede Fox, seria Shiksa, termo com carga pejorativa para se referir a uma mulher gentia; é a primeira palavra que sai da boca da mãe de Noah quando vê o filho conversando com Joanne dentro da sinagoga.

Após algumas deliberações, o título mudou para Ninguém Quer, enfatizando que ninguém, seja da família de Joanne ou de Noah, quer que ambos se relacionem romanticamente. 

A ênfase nesse conflito de lados tão distintos foi proposta por Steve Levitan, criador de Modern Family que é um dos produtores-executivos de Ninguém Quer. Para ele, o contraste de um rabino se apaixonando por uma shiksa teria grande apelo e atrairia espectadores. Ele acertou.

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