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Um ano após greve histórica, roteiristas de Hollywood vivem crise

Leia análise sobre o cenário atual da indústria de entretenimento americana
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Roteiristas em greve protestam na entrada do estúdio da Disney, em 2023
Roteiristas em greve protestam na entrada do estúdio da Disney, em 2023

Os roteiristas de Hollywood vivem crise financeira um ano após a greve histórica de 148 dias (julho-setembro de 2023). Se as negociações trabalhistas foram finalizadas com a vitória dos sindicalistas contra os patrões, porque a classe operária conseguiu obter vantagem nos principais tópicos à mesa, a realidade de pouco trabalho assombra profissionais que sofrem para pagar boletos e dependem de ajuda.

Não existe mais a chamada TV no Auge, era na qual a indústria de entretenimento produzia quase 600 séries por ano. A greve dos roteiristas, aliada à dos atores, ambas nas ruas durante o mesmo período, foi o que furou a bolha.

Definitivamente, os conglomerados de mídia fecharam a torneira e cortaram os gastos pela raiz, visando o azul no final dos balanços financeiros. Resultado: demissões em massa de todo tipo de funcionários, redução no volume de séries produzidas e orçamento minguado.

Além disso, as atrações que estão sendo feitas contam com roteiristas da primeira prateleira apenas. Quem está nos níveis abaixo paga o preço. Simplesmente não há empregos na praça.

Tem série que abre uma sala de roteiro com cinco vagas abertas… e 500 e tantos roteiristas formam fila e mandam currículos para beliscar uma delas. Tirando os que desistiram da carreira, muitos fazem trabalhos paralelos para quitar as dívidas. E o sindicato da categoria, o WGA, distribui auxílios variados para quem está no sufoco, encorajando os filiados a não desistirem, torcendo para uma virada de jogo.

Nas negociações com a AMPTP, entidade patronal que representa os maiores estúdios da indústria de entretenimento americana, o WGA emplacou triunfos em frentes de suma importância, como regulação no uso da inteligência artificial nos roteiros e exigência de um número mínimo na contratação de profissionais para a chamada sala de roteiro, onde as séries são escritas.

O que o sindicato não faz é forçar que o empregador monte uma sala para dez, doze roteiristas, como foi no passado, por exemplo. Qualquer ação acima do mínimo é da parte de quem contrata. Como em Hollywood, agora, prevalece a política radical de enxugamento de gastos, os engravatados não vão abrir o cofre para ir além desse mínimo.

A fórmula que impera é: menos séries + baixo investimento. Saiba que enquanto você segue curtindo as novas temporadas de suas séries favoritas e conhecendo atrações recém-lançadas excitantes, atrás das câmeras há um cenário de crise. E isso não afeta só os roteiristas. A tal fórmula frugal atinge todo tipo de operário que trabalha nos bastidores, com cada vez menos empregos disponíveis.

Isso tudo, invariavelmente, influi na qualidade de uma série, seja no quesito produção ou no aspecto criativo. Quanto mais pessoas estiverem trabalhando sossegadas, sem sobrecarga, melhor para todos.

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