Anticristo, demônios em igreja, app que identifica espíritos… Esses são alguns temas que formam a ótima quarta e última temporada de Evil, que estreia no Globoplay nesta terça-feira (27). O drama científico, psicológico e religioso, com o subtítulo de Contatos Sobrenaturais em português, conclui sua trama em alta.
A temporada final chega maior do que as anteriores, composta de 14 episódios (o streaming da Globo lança os dez primeiros; os quatro restantes entram depois em data a ser definida).
O principal fio condutor da narrativa é o que aconteceu com o óvulo perdido de Kristen (Kristen Bouchard). Do fruto do ventre da psicóloga forense nasce um bebê tido como o Anticristo. Seria, assim, o sinal de que o mundo está prestes a acabar.
Kristen segue sendo atormentada por Leland Townsend (Michael Emerson), que não perde a obsessão que tem pela família dela e age para destruí-la, influenciando de forma oculta o seu marido, Andy (Patrick Brammall), e até mesmo tendo como alvo uma de suas adoráveis filhas.
O padre David (Mike Colter), por sua vez, precisa lidar com a sua posição na Igreja Católica. Ele acaba sendo convocado para realizar missões secretas devido a um poder paranormal que descobre ter, chamado de visão remota. Ele consegue entrar na pele de uma pessoa que está distante, o que lhe causa problemas.
Já o ateu Ben Shakir (Aasif Mandvi) experimenta algo que o coloca em cima do muro entre a fé e a ciência. Após um acidente que sofreu dentro de um acelerador de partículas, ele passa a ver um jinn, entidade sobrenatural que faz parte da tradição religiosa do mundo islâmico. Ben sofre para dar uma explicação científica a esse caso, gerando uma boa dinâmica sobre a sua jornada.
Enquanto lidam com o Apocalipse à vista, o trio de investigadores sobrenaturais encaram casos divertidos e esdrúxulos. Tem desde cães robôs, estilo Black Mirror, que parecem que estão possuídos pelas forças do Inferno porque atacam pessoas católicas, até um demônio bem específico que, supostamente, rouba palavras de pessoas, ficando assim sem saber o que dizer ao esquecer expressões comuns.
A conclusão de Evil é excelente, fazendo jus ao drama que merece a audiência de todos. Os demônios que interagem com os personagens estão melhores do que nunca, com destaque aos que aparecem na igreja católica que serve de QG para o trio. Como só a Irmã Andrea (Andrea Martin) consegue vê-los realmente, situações engraçadas saem disso; ela os atrai com docinhos, por exemplo.
Essa temporada final é um alívio. Isso porque Evil flertou com o cancelamento puro e simples, o que não permitiria um desfecho adequado da narrativa. O casal Robert e Michelle King, criadores da série, mostraram-se gratos pelo fato de o streaming americano Paramount+ ter dado essa oportunidade de finalizar a trama apropriadamente. •
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br