4ª TEMPORADA

Crítica: Emily em Paris anda em círculos sem nada novo a dizer

Narrativa da comédia romântica não avança e perde um pouco do brilho
DIVULGAÇÃO/NETFLIX
Lily Collins na 4ª temporada de Emily em Paris
Lily Collins na 4ª temporada de Emily em Paris

A série Emily em Paris nunca será esquecida por servir de escape em pleno auge da pandemia de Covid-19. Quando foi preciso ficar em casa para conter a propagação do vírus letal, a comédia da Netflix chegou, em outubro de 2020, oferecendo uma viagem a um mundo de fantasia, não muito diferente do que faz uma jornada nas estrelas ou um mundo rodeado de dragões e elfos. No caso, seguem-se os passos de uma jovem americana buscando uma nova vida em Paris, capital da França.

Desenrolando uma trama aconchegante, estilo filme digno de Sessão da Tarde, Emily em Paris conquistou grandes feitos, como indicação ao Emmy de melhor comédia, com méritos. Mas, temporadas passaram e a falta de profundidade narrativa ganha terreno, cobra um preço e gera a seguinte pergunta: a série esgotou o estoque de histórias para contar?

Pelo visto na parte 1 da quarta temporada, a resposta é sim. A trama simplesmente anda em círculos, sem nada novo a dizer. Principalmente em se tratando da protagonista, a marqueteira Emily Cooper (Lily Collins). A jornada dela tornou-se repetitiva. São os mesmos cenários e situações, apenas com uma roupagem diferente.

No trabalho, ela é escalada para bolar uma estratégia diferentona sobre uma marca ou produto de um cliente da Agência Grateau. O plano é apresentado e, na hora da execução, ocorrem imprevistos que são magicamente solucionados. Depois, todo esse ciclo se repete, só muda o cliente.

Na vida amorosa, Emily está presa no loop que é o triângulo amoroso com Alfie (Lucien Laviscount) e Gabriel (Lucas Bravo) nas outras pontas. Quando parece que a protagonista vai sair desse enrosco e seguir em frente, a trama a puxa de volta para as complicações dessas relações. Sem contar a renovação do enrolo insolúvel do trio Emily-Gabriel-Camille. O melhor seria resolver isso de uma vez e embarcar em novas aventuras, sejam quais forem.

E não é questão de exigir de Emily em Paris uma profundidade temática que ela nunca se preocupou em ter. A série assumiu a sua identidade de ser realmente uma atração de entretenimento leve, descompromissada; e tudo bem.

Um olhar para trás percebe claramente que a narrativa não evolui. São contadas as mesmas histórias. Não existe avanço, tornando frustrante a experiência do espectador. É legal, sim, se desconectar da realidade e passar o tempo assistindo a uma série que é quase uma fábula romântica. Contudo, ver mais do mesmo não é nada agradável.

Quando pintou algo interessante a se explorar, o caso da cultura de assédio sexual na empresa JVMA, orquestrado pelo diretor-executivo Louis de Leon (Pierre Deny), a estratégia foi não aprofundar o tema. Isso poderia ser feito dedicando mais tempo a Sylvie (Philippine Leroy-Beaulieu), uma das vítimas de Louis. A história acabou, efetivamente, servindo apenas para causar tensão no relacionamento entre Mindy (Ashley Park) e Nicolas (Paul Forman), filho de Louis.

Emily em Paris tem mais histórias para contar? É o que veremos na parte 2 da quarta temporada, que entra na Netflix em 12 de setembro. Essa não deve ser a leva final, pois uma série desse porte não iria receber o carimbo do cancelamento. Tudo indica mais uma temporada de despedida, ao menos. E se ela vier, que traga contos refrescantes, de fato, quem sabe capturando a essência da primeira temporada.

Siga nas redes

Fale conosco

Compartilhe sugestões de pauta, faça críticas e elogios, aponte erros… Enfim, sinta-se à vontade e fale diretamente com a redação do Diário de Séries. Mande um e-mail para:
contato@diariodeseries.com.br
magnifiercross