HISTÓRIA REAL

Série mostra o papel do Brasil no acolhimento de judeus durante Holocausto

Conheça Somos os Que Tiveram Sorte, nova atração do Disney+
DIVULGAÇÃO/HULU
Cena da série Somos os Que Tiveram Sorte
Cena da série Somos os Que Tiveram Sorte

O Brasil teve um papel decisivo no acolhimento de refugiados da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), para o bem ou para o mal. Essa postura é abordada de forma tocante e cirúrgica pela ótima minissérie Somos os Que Tiveram Sorte, que estreia no Disney+ nesta quarta-feira (7). É uma história real sobre uma família judia separada durante o Holocausto.

A trama segue a família Kurc, natural da Polônia, ao redor do mundo enquanto fazem o possível para sobreviver e se reunir, perseguidos por serem judeus. Um dos objetivos de Somos os Que Tiveram Sorte é demonstrar como, frente aos momentos mais obscuros do século 20, o espírito humano pode perdurar e inclusive prosperar. A narrativa é um tributo ao triunfo da esperança e do amor contra todas as probabilidades.

Durante a separação ocorrida no começo da guerra, Addy Kurc (Logan Lerman), filho do meio da família, estava em Paris buscando uma carreira no mundo da música. Com a França no alvo dos nazistas, ele busca uma saída e fica sabendo que o Brasil é um país santuário, aberto aos refugiados.

Mas não era bem isso. Na época, o ditador Getúlio Vargas estava na Presidência. Ele adotou uma política de restrição à imigração de judeus, influenciada por pressões internas e externas. Isso refletia um clima de crescente antissemitismo em solo nacional. Era uma tentativa de evitar atritos com a Alemanha nazista.

Addy corre até a embaixada brasileira em território francês, mas não é atendido. Ele, então, não sossega até falar pessoalmente com o diplomata Luis Martins de Souza Dantas, tratado na trama como Embaixador Dantas (Raul Fernandes, ator suíço). 

O diplomata deu um jeito e ajudou Addy a escapar da Europa, colocando-o em um navio chamado de Alsina (que existiu). Desse ponto em diante, a minissérie cria toda uma jornada dramática, visando o entretenimento, até a chegada dele no Brasil. 

Não é por nada que Dantas é conhecido como o “Schindler brasileiro”. Do que se tem notícia, ele concedeu centenas de vistos a judeus, contrariando ordens do governo federal; além de ser a salvação para milhares de fugitivos do nazismo, de homossexuais a pessoas com deficiência.

Sem aceitar nenhum centavo por isso e arriscando vida e carreira, Dantas forjou documentos e passaportes para judeus entrarem no Brasil, de todas as classes econômicas e origens.

Uma tática era a seguinte. Em dezembro de 1940, Oswaldo Aranha, ministro das Relações Exteriores, assinou uma ordem reforçando a proibição de vistos concedidos a judeus, isso de forma explícita. O que Dantas fazia era assinar documentos com datas anteriores a essa circular. Muitos foram os beneficiados por isso; nem todos vieram para o Brasil, pois escapar da Europa era o principal objetivo.

Com o passar do tempo, muitos judeus vieram a público para agradecer Dantas e nomeá-lo pelo que fez, um salvador de vidas no sentido literal da expressão. Em 2003, o diplomata foi reconhecido postumamente com honras como o título de Justo entre as Nações pelo Yad Vashem, o memorial oficial de Israel para as vítimas do Holocausto. Essa honraria é concedida a não judeus que arriscaram suas vidas para salvar judeus durante a Segunda Guerra.

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