
O Globoplay lançou, nesta segunda-feira (10), a minissérie brasileira Memorial de Maria Moura, ação que faz parte do Projeto Resgate, no qual o streaming disponibiliza produções famosas e antigas da Globo. Composta de 19 episódios, o drama foi exibido originalmente nos meses de maio e junho de 1994, tendo Gloria Pires como protagonista.
Trata-se de uma adaptação do livro homônimo de Rachel de Queiroz, uma das maiores escritoras de língua portuguesa de todos os tempos. Com autoria de Jorge Furtado e Carlos Gerbase, a trama tem Gloria Pires no papel de Maria Moura, jovem mulher que embarca em uma saga contra a submissão feminina na sociedade patriarcal do século 19, após a morte de seus pais.
A trama de Memorial de Maria Moura
Maria Moura tem um histórico familiar doloroso: perde o pai (Angelo de Matos) na infância e, aos 17 anos, encontra a mãe (Bete Mendes) morta em casa, pendurada no teto pelo pescoço, como se tivesse se suicidado.
A jovem, no entanto, tem certeza de que se trata de assassinato. O provável autor é seu padrasto, que passa a aliciá-la. Para vingar a morte da mãe, Maria seduz o empregado e amigo de infância Jardilino (Lui Mendes) e pede que ele execute o padrasto.
Imersa na violência e nas disputas de terra tão presentes em seu contexto de vida, Maria Moura passa a reagir com igual rivalidade com todos que descumprem suas regras e leis. Protegida por empregados da família, reúne um grupo de pessoas para que a ajude a conquistar a terra herdada do pai, a serra dos Padres. Mas, para isso, precisa impedir a invasão do sítio por seus ardilosos primos Tonho (Ernani Moraes), Irineu (Otávio Müller) e Firma (Zezé Polessa).
O bando de Maria Moura vai aumentando com a adesão de pessoas injustiçadas ou perseguidas, como a prima Marialva (Cristiana Oliveira) e seu companheiro, o malabarista e atirador de facas Valentim (Jackson Antunes).
Indo contra as regras sociais estabelecidas pelo sistema patriarcal, no qual a submissão feminina é uma constante, a protagonista é capaz de tudo por sua liberdade, sendo cruel com seus adversários e extremamente leal aos que a apoiam.

Curiosidades dos bastidores
- A escritora Rachel de Queiroz acompanhou e aprovou a adaptação realizada pelos autores da minissérie, que alteraram alguns aspectos da trama literária.
- A trama original se desenrola no sertão nordestino, mas para evitar a extensa repetição da caatinga como locação, o diretor artístico da minissérie, Carlos Manga, optou por situar a história em um Brasil colonial, em Goiás.
- As gravações foram realizadas na cidade histórica de Tiradentes (MG), cuja praça principal e ruas adjacentes se transformaram nos vilarejos de Vargem da Cruz e Bom Jesus das Almas.
- Para a cenografia, a praça teve que ser forrada com lona plástica antes de receber a terra. Também foram colocadas plantas e centenas de animais, entre cavalos, bois, cabras e galinhas, todos transportados de caminhão do Rio de Janeiro.
- A atriz Cleo Pires, filha de Gloria Pires com Fábio Jr., fez uma participação especial na minissérie como Maria Moura menina.
O livro de Rachel de Queiroz
Memorial de Maria Moura foi um grande sucesso de audiência na Globo e alavancou a venda do romance de Rachel de Queiroz, publicado em 1992. A obra é tida como uma história madura da autora, trazendo todas as características literárias que consagraram a escritora, a primeira mulher a entrar na Academia Brasileira de Letras.
Rachel de Queiroz teve uma jornada de vida extraordinária. Escritora, jornalista, militante contra a ditadura Vargas e porta-voz do Nordeste brasileiro, nunca consentiu ser enclausurada em categorias. Dizia-se “não feminista”, permitia-se a contradição.

João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br