Inspirada em histórias reais, a série Xógum: A Gloriosa Saga do Japão (Star+, Disney+) traz em seu título uma palavra-chave que ajuda a entender o que está em jogo na trama: xógum. Na realidade, o termo se refere a um título ou posição de liderança, bélica e política, exercido durante o Japão feudal e medieval (século 12). Se no papel era o imperador o governante do país, quem mandava mesmo era o xógum, um tipo de ditador militar.
Isso acontecia porque ele acumulava muito poder em mãos ao mesmo tempo em que o imperador se enfraquecia. A história aponta que o Japão foi comandando por um xógum até o fim do feudalismo na terra do sol nascente, em 1867.
Na série, o padre Domingo (Joaquim de Almeida, de A Rainha do Sul), prisioneiro ao lado de John Blackthorne (Cosmo Jarvis), explica para o marinheiro inglês a dinâmica vigente citando Yoshii Toranaga (Hiroyuki Sanada), poderoso bushō (senhor da guerra) e daimyo (governante feudal) de uma temida linhagem.
“Toranaga nasceu Minowara, um nome muito nobre no Japão”, conta o religioso. “Durante séculos, os ancestrais dele dominaram este país, carregando consigo um mandato divino. Um título reverenciado através dos séculos, o título máximo que um mortal pode alcançar: xógum.”
O ponto de partida da série se dá em 1600. Durante décadas, portugueses católicos lucraram fazendo comércio com o Japão, bem na era das Grandes Navegações. Do outro lado da batalha estavam os europeus protestantes, inimigos dos lusitanos.
O arquipélago vivia certa tensão, pois, em Osaka, o taiko dominante morreu. Acontece que seu herdeiro é muito jovem para governar. Daí, cinco guerreiros suseranos, que formam o Conselho dos Regentes até a maioridade do sucessor natural, lutam ferozmente pelo poder, incluindo Toranaga, reivindicando sua ancestralidade. Todos estão em busca do título que lhe darão poder absoluto.
O xogunato foi “predominante no Japão de 1192 a 1867, baseado na crescente autoridade do xógum, supremo líder militar, que terminaria por submeter até mesmo a autoridade do imperador. A retomada do poder imperial determinou o encerramento do feudalismo japonês baseado no xogunato, a abertura do país ao exterior e o início de sua ocidentalização” (definição do dicionário Houaiss).
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João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br