Relegada, Tokyo Vice merecia um tratamento melhor dentro do grupo Warner Bros. Discovery. Ao invés de ser produto do streaming HBO Max, o drama único e imperdível deveria estar destacado na HBO, quem sabe até mesmo tendo espaço no horário nobre do canal, domingo à noite, ou no mínimo às segundas. Dessa forma a série, digna de grande palco e público, teria um alcance maior e robusto.
Tokyo Vice tem muitas peculiaridades. Baseada em história real, a trama apresenta como personagem principal um jovem repórter americano que, superando todas as barreiras culturais e sociais, trabalha em um jornal japonês de enorme circulação.
Na carona da nostalgia dos anos 1990, a trama aborda desde a influência da Yakuza ao empoderamento feminino, tudo envelopado por uma ótima fotografia. É também uma série com roteiro afiado e direção de ponta.
Tokyo Vice começa a sua história em 1999. O jornalista Jake Adelstein, interpretado por Ansel Elgort (do filme A Culpa É das Estrelas), chega em Tóquio com o objetivo de trabalhar em um importante jornal do Japão. Após passar por um teste árduo provando que tem o domínio do idioma japonês, principalmente na escrita, ele se torna o primeiro repórter estrangeiro da publicação. Como começa de baixo, subir na carreira é o único caminho possível.
Em suas andanças, Jake se depara com Hiroto Katagiri (Ken Watanabe), detetive do Departamento da Polícia Metropolitana de Tóquio especializado em crime organizado (leia-se: Yakuza). Sob orientação do policial, o jovem repórter começa a explorar o mundo sombrio e perigoso dos delinquentes, tentando entender a dinâmica da bandidagem contrastando-a com o lema propagado de que “não há assassinato em Tóquio.”
Por que Tokyo Vice é única?
No meio de um oceano com 500 e tantas séries disponíveis, contando só as atuais, Tokyo Vice se destaca apesar de não ser perfeita, muito menos candidata a prêmios. De fato, sua roupagem a faz ser única, misturando narrativa criminal com a tensão vivida dentro de um jornal, acrescentando-se pitadas de erotismo, romance e drama familiar.
Vale citar as boas cenas de ação, que são poucas, mas válidas sempre que aparecem ao longo dos episódios. Elas casam bem com um visual noir moderno das ruas noturnas de Tóquio, tomadas por letreiros luminosos, cenário que dá certo charme para a proposta do roteiro.
A série explora bem a rotina caótica do Meicho Shimbun, jornal fictício no qual Jake bate o cartão. Nessa parte, Tokyo Vice lembra grandes produções ambientadas em redações de jornais, tipo a americana The Newsroom. O que movimenta a pauta da publicação é como abordar assuntos da Yakuza, obsessão de Jake. Pelo fato de existirem visões diferentes sobre o assunto, gera-se uma boa trama.
Como o jovem está nos primeiros passos de repórter, os episódios mostram ele coletando fontes para ter um bom material na hora de finalizar as reportagens antes de entregar à chefia.
E não tem como fugir do aspecto gangster, algo que sempre tem apelo. Tokyo Vice não poupa na violência praticada por integrantes da Yakuza, como incêndio criminoso, ataques sangrentos, vingança sempre pairando no ar, choque entre clãs rivais… São cenas padrões desse gênero, porém tem sabor daquele arroz com feijão bem temperado.
Dada a situação atual do mercado hollywoodiano, não seria surpresa a notícia do cancelamento de Tokyo Vice após a atual segunda temporada, seguindo a linha de cortes de gastos da nova Warner. Ou seja, é melhor aproveitá-la quanto é tempo. Se vier uma encomenda para novos episódios, daí é só comemorar.
A HBO Max lança episódios inéditos da segunda temporada de Tokyo Vice toda quinta-feira (até o término da leva, em 4 de abril).
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
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