O ator Pedro Cardoso fez um longo desabafo, em texto publicado no Instagram no último sábado (17), sobre um suposto corte proposital de sua imagem de pôster da sitcom nacional A Grande Família estampado no Globoplay. Ele usou um print (veja acima) recuperado do streaming da Globo que mostra a série posicionada na nona colocação em ranking das mais assistidas. A imagem usada recorta Cardoso, que no original aparece no canto do cartaz.
“O apagamento da minha figura no cartaz promocional de A Grande Família não é acidental”, afirmou o ator. “É determinação de me apagar da história. Patético!”. O pôster original, sem cortes (confira abaixo), está destacado na página da comédia no Globoplay.
No desabafo, Pedro Cardoso discorreu sobre questões de direito autoral. Ele argumentou que “desde o meu primeiro dia na profissão eu me insurjo contra a ilegalidade legalizada do direito autoral.”
Em sua visão, “o sistema jurídico atual autoriza o comerciante investidor a se apossar da totalidade da titularidade da criação do artesão. E, mesmo que a lei proteja o direito moral, que garantiria ao autor sua autoria sobre a obra, a lei permite que o comerciante investidor se faça dono de obra chamada coletiva.”
Cardoso apontou que “para além da lei, o poder econômico permite o abuso de a obra ser modificada pelo comerciante investidor a contragosto de seu autor”, se referindo ao corte feito no pôster de A Grande Família, que segundo ele foi proposital.
Leia a íntegra (sem revisão gramatical, do jeito que foi publicado) do texto assinado por Pedro Cardoso sobre esse caso:
“Bom dia. O DIREITO AUTORAL E A AUTOIMAGEM NACIONAL. A ética, eu penso, deveria forçar um equilíbrio de poder na relação econômica-simbiótica entre o comerciante investidor e o artesão. Assim deveria ser pelo imperativo ético que reclama justiça; e de estarem ligados por interesse comum e mútua dependência. Mas o sistema jurídico atual autoriza o comerciante investidor a se apossar da totalidade da titularidade da criação do artesão. E, mesmo que a lei proteja o direito moral – que garantiria ao autor sua autoria sobre a obra – a lei permite que o comerciante investidor se faça dono de obra chamada coletiva. E, para além da lei, ainda o poder econômico permite o abuso de a obra ser modificada pelo comerciante investidor a contra gosto de seu autor, o artesão. Está nos contratos e os tribunais, ao que sei – e não seu tudo – creio que confirmam o direito e sua extensão para além. Eu disse, faz algum tempo, que se houvesse no Brasil profissionais de jornalismo honestos e livres eles investigariam os contratos impostos aos criadores de áudio-visual pelos comerciantes investidores e seus prepostos. Mas a imprensa cultural do Brasil se dedica mais a fofoca dos “famosos” e suas vidas particulares do que a assuntos consequentes da vida cultural. Faz dinheiro mais fácil falar sobre coisa alguma do que sobre a realidade do país. E também a classe artística – a cada dia mais vazia de artistas – se cala sob a ameaça do desemprego, embora alguns mantenham a pose de pessoas de sucesso. A questão do aprimoramento da defesa do direito autoral pode parecer um mero interesse classista. Mas a interferência deformadora do comerciante investidor na obra de arte faz com que o povo se veja deformado ideologicamente no seu espelho áudio-visual, e outros. A defesa do direito autoral é defesa da fidelidade do reflexo que o artesão produz do seu povo, questão de soberania nacional, aprendi com Ariano e com Amir, e tantos mais. Eu me insurjo contra a ilegalidade legalizada do direito autoral desde o meu primeiro dia na profissão. E acumulo derrotas. O apagamento da minha figura no cartaz promocional de A Grande Família não é acidental. É determinação de me apagar da história. Patético!”
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
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