MEGAPRODUÇÃO

Após fracassos, HBO apostou em fã para tirar A Casa do Dragão do papel

Canal rejeitou 15 projetos antes de escolher a história sobre a família Targaryen
IMAGENS: DIVULGAÇÃO/HBO
O ator Fabien Frankel em cena de A Casa do Dragão
O ator Fabien Frankel em cena de A Casa do Dragão

A estreia de A Casa do Dragão no domingo (21) é um marco histórico para a HBO, que em meio século de vida nunca fez um único spin-off de série original. Para tanto, não houve qualquer limitação de olho na melhor produção possível, seguindo os passos de Game of Thrones (2011-2019). Foram nada menos do que 15 ideias jogadas no lixo e um prejuízo de US$ 30 milhões (R$ 153 milhões). Um fã do universo da trama foi quem salvou a lavoura.

O roteirista Ryan Condal, profundo conhecedor dos escritos de George R.R. Martin, assumiu a missão de adaptar para a TV as quase 700 páginas do livro Fogo & Sangue, assinado por Martin, sobre eventos que ocorreram em Westeros antes da história contada em Game of Thrones. A aposta da HBO em um profissional pouco experiente em Hollywood foi a saída, que esperam ter sido certeira, para tirar o tão desejado spin-off de GoT do papel.

Grife da HBO em jogo

Antes de Game of Thrones acabar, a intenção de se fazer um spin-off era real. Já em 2016, três anos antes do fim da série, a HBO começou a discutir internamente a possibilidade de produzir uma atração derivada da trama fantasiosa. A grife do canal estava em jogo, por isso não mediram esforços.

Por ser a primeira vez embarcando na rota de uma série filhote, criando-se assim uma franquia, a HBO investiu sem dó. No início, existia a vontade de se fazer algo diferente da série mais vencedora de todos os tempos, mirando algo totalmente novo. Assim, o canal abriu a porteira e ouviu diversas propostas.

Foram analisados 15 roteiros, todos curiosamente narrando eventos anteriores à Game of Thrones (prelúdio) ao invés de imaginar um futuro (continuação), ou até mesmo uma jornada paralela à da série mãe. A HBO aceitou projetos de pessoas que nunca tinham feito atrações fantásticas e analisou apresentações de profissionais especializados no gênero.

Cinco ideias foram aprovadas e entraram em processo de execução. Somente uma ganhou vida: Bloodmoon, batizada extraoficialmente de The Long Night. Essa série chegou a ter o piloto (primeiro episódio) gravado, que custou US$ 30 milhões e foi protagonizado por Naomi Watts. Os executivos da HBO reprovaram a série por acharem que não estava no nível de GoT.

Um dos dragões da série A Casa do Dragão
Um dos dragões da série A Casa do Dragão

O surgimento de A Casa do Dragão

Um dos problemas de Bloodmoon era a base. A história ali apresentada, sobre a Era dos Heróis e a apocalíptica Longa Noite, tinha como alicerce apenas oito linhas escritas por George R.R. Martin. E, após brigas e separação, a HBO queria trabalhar em harmonia com o pai da obra toda, sem depender da liberdade criativa de terceiros.

Daí entra Ryan Condal. O roteirista virou amigo do escritor e ganhou voto de confiança, por ele saber como roteirizar uma série e, acima de tudo, conhecer cada centímetro do universo Game of Thrones.

Foi Martin quem colocou Condal para tocar a adaptação do livro Fogo & Sangue. A HBO gostou da ideia por justamente haver um material vasto para ser usado como referência, além de ter o aval de Martin. 

Outra peça contribuiu para A Casa do Dragão se concretizar. Era preciso colocar alguém tarimbado ao lado de Condal, uma pessoa experiente para fazer uma tabelinha. Entrou em cena Miguel Sapochnik, cineasta que dirigiu seis episódios de GoT (como os épicos Longa Noite e A Batalha dos Bastardos). Então, formou-se a dupla de showrunners.

A cúpula do canal não titubeou e arriscou: encomendou uma temporada completa sem ver o piloto e, além disso, confirmou a segunda temporada antes mesmo da estreia da série.

O lançamento de A Casa do Dragão será no domingo (21), às 22h, na HBO. O streaming HBO Max irá disponibilizar o episódio na mesma noite.

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