Aos 31 anos, a ex-atriz Jennette McCurdy diz ter vergonha do seu trabalho como estrela mirim das séries iCarly (2007-2012) e Sam & Cat (2013-2014), nas quais viveu a mesma personagem, a memorável tomboy Sam Puckett. Esse sentimento foi exposto em detalhes na estreia de seu podcast, chamado de Hard Feelings, disponível nas plataformas de áudio desde a última terça-feira (24).
Atualmente ganhando a vida como palestrante, diretora e autora, Jennette ainda segue promovendo o livro Estou Feliz que Minha Mãe Morreu, lançado no ano passado e que continua presente na cobiçada lista de best-sellers do The New York Times.
Durante o processo de divulgação do podcast Hard Feelings, ela fez um pedido para que no press release, comunicado enviado à imprensa, não fossem mencionadas as séries iCarly e Sam & Cat. Existe um motivo para isso.
“Essas séries… só de eu falar já deixa minhas orelhas queimando”, comentou. “Tenho muita vergonha de ter feito parte delas. E qualquer pessoa que leu meu livro entende o que eu estou falando.”
Jennette McCurdy não hesitou ao explicar o porquê dessa aversão: “Ser conhecida há tanto tempo por algo que fiz quando tinha 13, 14 anos é muito vergonhoso para mim.”
O livro, publicado no Brasil pela editora nVersos, lhe ajudou a superar esse trauma e ter alguma coisa além das séries teens da Nickelodeon para ser lembrada.
“Senti que, finalmente, não precisaria carregar aquela vergonha do meu passado. Finalmente, posso ser conhecida por algo que faço como adulta. Finalmente, posso ser conhecida por escrever, aquilo que queria fazer desde criança. Posso ter apoio em mim mesma e não depender de uma personagem. E isso meio que escanteou a vergonha dentro de mim.”
Porém, uma ou outra pessoa vai, invariavelmente, citar Sam Puckett, iCaryl e Sam & Cat quando vê-la por aí. Jennette compartilhou uma experiência sobre isso vivida durante palestra na qual promovia seu livro, na Universidade da Califórnia em San Diego (UCSD). Alguém na plateia fez uma referência à Sam e ele se sentiu mal.
“Pensei que o sucesso do livro seria suficiente [para me livrar dessa ligação]”, disse. “Quando as pessoas vão esquecer Sam? Quando será o suficiente para elas pararem de me associar a essas séries malditas que fiz quando tinha 13 anos?”, perguntou, em forma de desabafo.
Jennette não parou por aí e dissecou como isso afeta sua vida. Precisou lidar com a problemática na terapia, quando foi provocada a esquecer Sam por si própria, se livrar da personagem.
Ela percebeu que sentia-se ressentida, durante a adolescência, pelo fato de as pessoas falarem mais de Sam do que dela mesma, a atriz que interpretava a personagem. “Quanto mais popular Sam ficava, mais eu me sentia invisível como Jennette. E, fundamentalmente, acho que isso veio do fato de eu não ser capaz de me enxergar.”
“Quero superar isso [ser só conhecida por trabalhos do passado]”, concluiu.
A última produção de destaque feita por ela na TV foi a série canadense Between (2015-2016), na qual atuou como protagonista; está disponível na Netflix.
Capa do livro Estou Feliz que Minha Mãe Morreu
O livro de Jennette McCurdy
No livro Estou Feliz que Minha Mãe Morreu, Jennette abre o jogo sobre as adversidades enfrentadas nos bastidores de uma carreira teen de enorme sucesso, alcançando imensa popularidade.
A ex-atriz aborda o fato de, aos 10 anos, clarear os dentes e tingir o cabelo, assim como obedecer rigorosamente várias dietas, tudo para cumprir os planos obcecados da mãe de fazer da filha uma celebridade de renome em Hollywood.
Tamanha opressão resultou em efeitos danosos. Ao amadurecer, ela entrou em um espiral de vícios, com muitas drogas e bastante sexo. Perdeu a linha da psique e só após muito tratamento conseguiu se reerguer.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
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