Crítica: Brie Larson na série Uma Questão de Química é erro de escalação

Até provando seu talento de vencedora do Oscar, a atriz Brie Larson se esforça (e muito!) como protagonista da minissérie Uma Questão de Química, do Apple TV+. Ela embarcou em um projeto, no qual também fez parte do time de produtores-executivos, que teria melhor rendimento se tivesse outro nome liderando a trama no papel da química/cozinheira Elizabeth Zott, quem sabe uma atriz mais experiente tipo Charlize Theron, por exemplo.

Brie Larson tirou leite de pedra interpretando Elizabeth. Mas fica nítido no vídeo a limitação dessa combinação atriz-personagem, com o desconforto sendo palpável. Simplesmente não deu química. O papel foi dado à atriz errada.

Assim, a minissérie se coloca na mediocridade. Poderia ser muito mais, talvez flertando com Mad Men e The Marvelous Mrs. Maisel no quesito viagem nostálgica de alto nível, com uma protagonista mais adequada. Por outro lado, o resultado final seria desastroso se Brie não salvasse a lavoura entregando o seu máximo.

Eis um exemplo claro da importância da direção de elenco, a arte de escolher atores e atrizes que se encaixam perfeitamente nos personagens de uma produção. Fica a dúvida sobre o quanto a influência de Brie nos bastidores a levou ao papel de protagonista, se chegou a ter testes para encontrar outras Elizabeths ou não.

Fato é que Uma Questão de Química acertou na escalação ao redor de Elizabeth. Lewis Pullman (Outer Range ) caiu como um luva na pele de Calvin Evans, renomado químico que passa a trabalhar ao lado de Elizabeth, culminando em um romance. E Aja Naomi King, a Michaela de How to Get Away with Murder, também foi outra bola dentro interpretando Harriet Slone, ativista social e racial que na série ganha outra roupagem e mais espaço do que no livro.

Colegas de classe podem colocar Brie Larson em destaque no circuito de premiações que está por vir, afinal é ator que indica (e vota) em ator. Entretanto, o resultado final da minissérie da Apple ficou aquém do potencial por causa de Brie. Não necessariamente devido ao trabalho mal executado dela, o oposto disso. O erro foi entregá-la a uma personagem longe de seu alcance.

A história de Uma Questão de Química

Inicialmente batizada pela filial brasileira do Apple TV+ de Lições de Química, a minissérie ganhou o nome que estampa o livro no qual se baseia, best-seller escrito por Bonnie Garmus, publicado no Brasil pela editora Arqueiro.

Ambientada nos anos 1960, Uma Questão de Química acompanha Elizabeth Zott (Brie), que tinha o sonho de ser cientista, sonho esse “frustrado por causa da sociedade patriarcal”, como aponta a sinopse. 

Quando Elizabeth é demitida de seu laboratório, ela aceita um emprego como apresentadora de um programa culinário na TV. Nesse ambiente, ela ensina para um grupo de donas de casa negligenciadas, e para homens que subitamente passaram a ouvi-la, muito mais do que receitas.

Ela se torna a maior estrela do programa de televisão mais visto e adorado dos Estados Unidos: Jantar às Seis.

Sua abordagem incomum da culinária se mostra revolucionária e ela acaba virando o grande fenômeno da nação. Porém nem todos estão felizes com seu sucesso, porque, no fundo, Elizabeth não está apenas dando dicas sobre como cozinhar, mas desafiando as mulheres a pensar e a transformar seu papel no mundo.

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João da Paz

João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br