A Netflix acertou em outra boa adaptação japonesa de mangá para a TV, assim como Makanai. Recém-lançada e entre as atrações líderes de audiência na plataforma, a série Consumidas pelo Fogo é sustentada por narrativa de vingança pura e simples tão apetitosa e mirabolante que mais parece aqueles dramalhões do grupo mexicano Televisiva, consagrados no Brasil pelo SBT e atualmente destacados no Globoplay.
Até no título há semelhança inegável. Consumidas pelo Fogo é um ótimo nome de série. Claro que não tem a força nominal poderosa das novelas mexicanas, como Um Refúgio para o Amor, exibida atualmente pelo SBT, mas está ali no páreo.
Certamente, as mentes criativas dos folhetins mexicanos ultrainventivos aprovariam a premissa da série japonesa. No centro da narrativa está a jovem Anzu Murata (Mei Nagano), cuja infância foi dilacerada quando a casa de sua família pegou fogo, levando seus pais ao divórcio.
O incidente ocorreu 13 anos atrás. Ela foi parar na rua, junto com a irmã caçula, Yuzu (Yuri Tsunematsu), e a mãe, Satsuki (Michiko Kichise). O pai delas, Osamu (Mitsuhiro Oikawa), as largou ao léu. Suspeitas apontaram que a própria mãe de Anzu colocou fogo na casa.
No presente, a adulta Anzu ainda não superou a tragédia ocorrida há mais de uma década. Com Satsuki doente, acamada e sofrendo de amnésia, ela toma atitude para provar que a mãe foi acusada de forma injusta.
Convencida dessa inocência, a jovem assume nova identidade e se disfarça para trabalhar como empregada doméstica de Makiko Mitarai (Kyōka Suzuki), mulher que acabou se casando com seu pai. Anzu tem convicção de que a sua agora patroa foi a causadora do incêndio. Ela só precisa reunir evidências para provar isso.
Makiko tem aquela trajetória clássica dos melodramas: da pobreza para a riqueza. Essa transição veio após se aproximar de Satsuki, amizade que a menina Anzu nunca viu com bons olhos. Ela torcia o nariz, sendo contrária a influência de Makiko, que bajulava sua mãe e até copiava o jeito de se vestir.
Após o incêndio e ruína da família Murata, Makiko se casou com o médico Osamu, diretor de um hospital, e passou a ter vida de madame, no luxo. Ela atingiu o nível de socialite e influencer digital, se mostrando aos seus seguidores no Instagram como mãe dedicada e dona de casa exemplar. Porém, o telespectador sabe que tem muito fake por trás disso. A questão é saber se Anzu vai conseguir desmascarar a madrasta.
Consumidas pelo Fogo tem fortes elementos do melhor novelão latino, o que facilita, inclusive, a assimilação do público brasileiro. E é com isso em mente que o espectador precisa encarar a série, não esperando nada além de muitas reviravoltas, algumas quase inverossímeis, e aqueles planos maquiavélicos alucinantes, sejam eles frustrados ou não.
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João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br