Contra séries altamente populares e visando ampliar o número de atrações indicadas, o Emmy de 2023 mudou uma regra importante no sistema de votação dos indicados, que vão ser conhecidos na próxima quarta-feira (12). O objetivo é impedir que dramas e comédias mais conhecidas, impulsionadas pelo público ou marketing, dominem as categorias de atuação, como visto nas edições recentes.
A Academia de Televisão americana, organizadora do Emmy, encara o mesmo desafio de outras premiações acadêmicas: ser bastante criteriosa nas indicações e vitórias, baseando-se em uma análise técnica para se diferenciar das cerimônias que contam com os votos do povão.
Até então, os votantes do Oscar da TV poderiam escolher quantos atores e atrizes quisessem nas respectivas categorias, sem restrições. Isso começou a valer em 2017; antes havia limites. A instrução era votar “em quem você acha que mereça uma indicação.”
Como consequência, poucas séries passaram a aparecer nessas categorias, dominadas por uma só ou duas. Em 2021, por exemplo, The Handmaid’s Tale teve dez atores indicados, The Crown nove, Ted Lasso sete.
No ano passado, Succession contou com 14 indicações nas disputas de atuação, Ted Lasso dez. Algo grave ocorreu entre as minisséries: The White Lotus e Dopesick ocuparam 13 das 14 vagas nas categorias melhor ator e melhor atriz coadjuvante.
Claro que muitos dos indicados mereceram estar na briga pela cobiçada estatueta. Mas e o restante? Só duas minisséries tiveram atuações dignas de Emmy em 2022? Lembrando que estamos na era da TV no Auge, onde cada vez mais produções de prestígio e alto calibre estão sendo lançadas a todo instante.
A saída pensada para corrigir isso foi voltar ao sistema de votação pré-2017, com opção limitada de escolha dos indicados. Assim diz o regulamento: “O número de seleções que cada filiado votante pode fazer por categoria na votação do primeiro turno [do Emmy] agora será limitado ao número de indicações especificadas a cada categoria. Os filiados não poderão mais votar em um número ilimitado de seleções em qualquer categoria.”
No sistema ilimitado, a pessoa naturalmente ticava nos atores das séries que ela assistiu, as mais comentadas por aí, das redes sociais aos sites especializados. Com o leque restrito de opções, a tendência é que as escolhas sejam mais criteriosas e balanceadas.
Quem sabe isso aprume o caminhar. Lógico, muitas atrações vão ter várias indicações nas categorias de atuação (Succession, The White Lotus, Barry…). A esperança é que não haja domínio absoluto de nenhuma produção, abrindo assim espaço para as tão aguardadas surpresas.
Vamos ver o resultado disso na próxima quarta.
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João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
