[Atenção: spoilers a seguir] Para chegar no final ideal, Succession teve de sacrificar uma das personagens que mais se destacaram na temporada de despedida, a Shiv (Sarah Snook). Por muito pouco, o drama da HBO não perdeu a mão nessa tática, o que estragaria o desfecho da narrativa. Contudo, o ponto final acabou sendo coerente com o todo da série, até colocando a própria Shiv em lugar relevante (mas na sombra).
Tudo em Succession apontava para a seguinte pergunta: quem será o sucessor de Logan Roy (Brian Cox) no comando do conglomerado Waystar? Após muitas idas e vindas, com direito a funeral, viagem para a Noruega e muitas facadas nas costas durante as negociações, a empresa teve o seu destino decidido em uma reunião do conselho diretor.
Eram 13 os integrantes. Ou seja, o lado vencedor teria de obter, no mínimo, sete votos. Em uma ponta estavam os burocratas a favor do acordo com a GoJo, vendendo a Waystar para o empresário sueco vilanesco Lukas Matsson (Alexander Skarsgård). Os irmãos Roy tentavam melar o contrato, acertado previamente, para a família não perder o comando da empresa, votando assim contra a fusão.
Da parte dos Roys, Kendall (Jeremy Strong) liderou a cavalaria em prol do status quo. Segundos antes da reunião do conselho, ele estava seguro de que teria os votos necessários a seu favor. A reviravolta veio quando o voto de minerva, após empate em seis a seis, caiu no colo de Shiv.
Shiv e o herdeiro na barriga
A consultora política (lobista) estava inclinada a apoiar o irmão “ungido” rumo ao comando da Waystar. Assim, ela ferraria com a vida de Lukas, que a apunhalou pelas costas mesmo após receber ajuda importante daquela que sonhava em ser a CEO (diretora-executiva) da empresa do pai, isso caso a GoJo recebesse o sinal verde para a aquisição.
Traída e no chão, Shiv sofreu outro abalo ao saber que o marido, Tom Wambsgans (Matthew Macfadyen), foi o escolhido, oficialmente, por Lukas para ser o CEO americano da nova empresa multinacional. A preferência por Tom levou em conta seu perfil mais fácil maleável, pronto para ser o bode expiatório de qualquer besteira que Lukas possa vir a fazer.
Assim, votar a favor do irmão seria uma escolha indubitável. Mas Shiv mudou de ideia bem na hora de dar a palavra: ela concordou com a aquisição.
Isso, entretanto, vai na base de uma desconstrução da personagem, que seguia linha mais agressiva e independente, pronta para liderar e não se submeter às forças masculinas ao seu redor. Ela ficaria com a chefia do poderoso canal de notícias ATN caso Kendall vencesse a batalha no conselho.
O interessante é que esse derretimento da personagem em poucos minutos, com direito a histeria e descontrole, a serviu bem. Tudo pensando no verdadeiro herdeiro da família que está em sua barriga, pois está grávida de Tom. Aos trancos e barrancos, o casamento entre eles segue.
No fundo, a saúde da Waystar é questão de vida ou morte para o seu filho. Shiv sabe que Tom, embora seja puxa-saco e maria-vai-com-as-outras, é mais competente para tocar a empresa do que o irmão Kendall. E, de tabela, ela tende a ter mais voz na direção da nova Waystar daqui para a frente, influenciando o maridão, do que se o irmão fosse o CEO.
Apesar de quase sair dos trilhos, por tomar uma postura arriscada com Shiv, Succession entregou um final satisfatório. E, indiretamente, a filha de Logan venceu a corrida pela sucessão, mesmo sem ter poder propriamente dito.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
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