POLÊMICA

Harry Potter: como Warner tenta se descolar de discurso antitrans de J.K. Rowling

Conglomerado vai produzir atração sobre o bruxinho para o streaming Max
REPRODUÇÃO
J.K. Rowling durante entrevista (2022); autora está no novo projeto da Max
J.K. Rowling durante entrevista (2022); autora está no novo projeto da Max

Ao anunciar série sobre Harry Potter, que vai recontar com novo elenco a história já apresentada na saga do cinema, a Warner Bros. Discovery mostrou como irá lidar com o envolvimento de J.K. Rowling, autora dos livros sobre o bruxinho, na atração. Os executivos do conglomerado não querem nem passar perto das polêmicas que a escritora se envolve por comentários contra pessoas trans. Para eles, o que importa é a ação dentro das quatro linhas.

Nesta quarta, a nova Warner divulgou o nome do novo streaming do grupo. HBO Max sai de cena para entrar (só) a Max. No evento, várias revelações foram feitas, incluindo a produção de série sobre Harry Potter, que promete uma nova abordagem sobre cada um dos sete livros da coleção. O projeto televisivo é para durar uma década, com a produção de múltiplas temporadas.

J.K. Rowling está diretamente envolvida na atração, integrante do time de produtores-executivos. Assim que terminou a apresentação no evento e os executivos foram falar com a imprensa, surgiram perguntas sobre as polêmicas da autora, que constantemente tece comentários contra pessoas trans, dizendo que mulher trans não é mulher… e homem trans não é homem. A visão antitrans dela é explícita.

Uma indagação foi bem específica, sobre se o envolvimento de J.K. Rowling na série de Harry Potter pode prejudicar a escalação de atores, que podem boicotar a atração por causa da escritora. Casey Bloys, presidente e CEO da HBO e Max, se esquivou:

“Não, não acho que esse seja o fórum/lugar [ideal para falar sobre isso]. Esse tipo de conversa é muito do [ambiente] online, cheio de nuances. É bastante complicado.”

Ele continuou dizendo que “nossa prioridade é o que está na tela. Obviamente, Harry Potter traz uma história incrivelmente afirmativa e positiva, sobre amor e autoaceitação. [E] esta é a nossa prioridade, o que está na tela.”

Segundo Bloys, o envolvimento de J.K. Rowling será imprescindível. “A visão dela vai nos ajudar bastante”, afirmou.

Pelo menos desde 2020 a criadora de Harry Potter se envolve em polêmicas antitrans. Entra tantas confusões, ela já criticou o termo “pessoas que menstruam” e se posicionou contra um projeto de lei escosesa cujo objetivo é facilitar o reconhecimento do gênero de pessoas trans. 

Ao que parece, a Warner vai adotar a linha daquele técnico de futebol que não se importa com o que um determinado jogador faz longe do clube, desde que dentro das quatro linhas ele consiga entregar um bom trabalho.


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