Ao anunciar série sobre Harry Potter, que vai recontar com novo elenco a história já apresentada na saga do cinema, a Warner Bros. Discovery mostrou como irá lidar com o envolvimento de J.K. Rowling, autora dos livros sobre o bruxinho, na atração. Os executivos do conglomerado não querem nem passar perto das polêmicas que a escritora se envolve por comentários contra pessoas trans. Para eles, o que importa é a ação dentro das quatro linhas.
Nesta quarta, a nova Warner divulgou o nome do novo streaming do grupo. HBO Max sai de cena para entrar (só) a Max. No evento, várias revelações foram feitas, incluindo a produção de série sobre Harry Potter, que promete uma nova abordagem sobre cada um dos sete livros da coleção. O projeto televisivo é para durar uma década, com a produção de múltiplas temporadas.
J.K. Rowling está diretamente envolvida na atração, integrante do time de produtores-executivos. Assim que terminou a apresentação no evento e os executivos foram falar com a imprensa, surgiram perguntas sobre as polêmicas da autora, que constantemente tece comentários contra pessoas trans, dizendo que mulher trans não é mulher… e homem trans não é homem. A visão antitrans dela é explícita.
Uma indagação foi bem específica, sobre se o envolvimento de J.K. Rowling na série de Harry Potter pode prejudicar a escalação de atores, que podem boicotar a atração por causa da escritora. Casey Bloys, presidente e CEO da HBO e Max, se esquivou:
“Não, não acho que esse seja o fórum/lugar [ideal para falar sobre isso]. Esse tipo de conversa é muito do [ambiente] online, cheio de nuances. É bastante complicado.”
Ele continuou dizendo que “nossa prioridade é o que está na tela. Obviamente, Harry Potter traz uma história incrivelmente afirmativa e positiva, sobre amor e autoaceitação. [E] esta é a nossa prioridade, o que está na tela.”
Segundo Bloys, o envolvimento de J.K. Rowling será imprescindível. “A visão dela vai nos ajudar bastante”, afirmou.
Pelo menos desde 2020 a criadora de Harry Potter se envolve em polêmicas antitrans. Entra tantas confusões, ela já criticou o termo “pessoas que menstruam” e se posicionou contra um projeto de lei escosesa cujo objetivo é facilitar o reconhecimento do gênero de pessoas trans.
Ao que parece, a Warner vai adotar a linha daquele técnico de futebol que não se importa com o que um determinado jogador faz longe do clube, desde que dentro das quatro linhas ele consiga entregar um bom trabalho.
Acompanhe o Diário de Séries no Google Notícias.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br