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Roteiristas de Hollywood encontram solução para frear ameaça do ChatGPT

Sindicato cria plano para enquadrar o uso da inteligência artificial na criação de séries
DIVULGAÇÃO/HULU
Sala de roteiristas recriada na comédia Reboot
Sala de roteiristas recriada na comédia Reboot

O uso da inteligência artificial (IA) na produção de roteiros ou criação de premissas de séries, via plataformas como ChatGPT, está no centro da discussão entre o sindicato dos roteiristas (WGA) e a entidade que representa as produtoras e estúdios de Hollywood (AMPTP), negociações travadas para que seja evitada uma greve após 1º de maio. Uma boa solução foi encontrada para resolver esse impasse.

Há receio de que, em um futuro bem próximo, a inteligência artificial roube empregos de roteiristas em Hollywood devido ao avanço da tecnologia, como se vê atualmente com o ChatGPT, que em questão de segundos consegue apresentar um roteiro ou argumento de alguma série.

A proposta apresentada pelo WGA é, basicamente, tratar sites como o ChatGPT como uma ferramenta dos roteiristas, tal qual uma caneta ou um laptop. Ou seja, em nenhuma hipótese deve ser usado qualquer roteiro criado pela inteligência artificial sem passar antes pelo crivo de um roteirista de carne e osso.

O sindicato não tem como objetivo banir por completo a IA. O roteirista pode usar o ChatGPT para escrever um episódio, e um executivo de um estúdio pode pedir para a ferramenta desenvolver uma premissa de série. O principal disso tudo é que um roteirista (credenciado) revise o material antes de ser finalizado, além de ser creditado como autor principal do trabalho (ganhando por isso, evidentemente).

Na visão do WGA, é preciso determinar esses limites o quanto antes para que os estúdios não usem a inteligência artificial como um meio de se livrar dos roteiristas, saída para reduzir o custo de uma produção qualquer. 

Os profissionais estão cientes de que a inteligência artificial chegou para ficar e pode ser usada para fins positivos e produtivos, desde que não resultem em desemprego de seres humanos.

Tem questões técnicas por trás disso, acerca da maneira correta de classificar o ChatGPT como fonte material na produção de roteiro. O que o sindicato quer é que o ChatGPT não seja tratado como se fosse um livro ou um filme, resultando em um roteiro adaptado. Um autor ganha cerca de 25% menos com um roteiro adaptado do que com um roteiro original. 

As conversas entre o WGA e a AMPTP iniciaram mais de um mês antes do final do atual vínculo, porque se trata do acordo mais complicado de ser resolvido (há outros contratos perto do vencimento, como dos diretores e atores). 

Para os roteiristas, além de enquadrar a inteligência artificial, os pontos-chaves apresentados na mesa de negociação são: aumento salarial, maior recebimento de lucros provenientes dos streamings, questões de segurança no trabalho, direitos criativos e aumento da diversidade (de todo o tipo).

A última paralisação do WGA foi histórica, em 2007, o ano da greve dos cem dias.


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