CRÍTICA

Echoes é legal por causa dos zilhões de plot twists; até ficar chata

Quantas reviravoltas cabem em uma minissérie?
DIVULGAÇÃO/NETFLIX
Michelle Monaghan na minissérie Echoes
Michelle Monaghan na minissérie Echoes

Na lista dos programas de TV mais vistos atualmente na Netflix, a minissérie Echoes tem uma fórmula instigante, sobre a relação conturbada de duas gêmeas cujas vidas se entrelaçam. De cara, o drama australiano (mas gravado nos Estados Unidos), despeja um caminhão de reviravoltas para engajar o telespectador na busca por respostas. Mas os zilhões de plot twists acabam jogando contra a trama, que acaba ficando chata com o passar do tempo.

[Atenção: pequenos spoilers a seguir]
A atriz Michelle Monaghan (True Detective) teve uma reação padrão assim que começou a ler o roteiro do primeiro episódio, mesma sensação tida por parte do público. Ela pensou que Gina e Leni, as gêmeas idênticas que lideram a narrativa, eram a mesma pessoa. Bom, quase isso.

Echoes apresenta as duas personagens em vidas separadas e opostas. Gina é uma escritora de sucesso, moradora de uma mansão cinematográfica, em Los Angeles. Enquanto Leni tem uma filha e toca uma vida simples e pacata no interior do Estado da Virgínia, em uma fazenda. 

A ação que dá o primeiro empurrão na minissérie é uma ligação recebida por Gina. A irmã Leni está desaparecida e uma força-tarefa foi montada para encontrá-la. Gina larga tudo para retornar à cidade natal para ajudar na busca.

As atrizes gêmeas Madison e Victoria Abbott em Echoes; versões jovens de Gina e Leni
As atrizes gêmeas Madison e Victoria Abbott em Echoes; versões jovens de Gina e Leni

Echoes: overdose de reviravoltas

Então, começam as reviravoltas na trama da Netflix. Muitas histórias paralelas são expostas, deixando todo mundo confuso, não só Gina (pois parece que Leni esconde vários segredos). Em um primeiro instante é legal pescar essas reviravoltas e tentar desvendá-las. 

Só que Echoes abusa (e muito) desse recurso. É plot twist em cima de plot twist. Chega uma hora que não dá mais para saber ao certo o que está acontecendo em cena. Ainda mais quando se descobre, ainda no início da jornada, que Gina é a Leni… E Leni é a Gina!

Todo aniversário, as gêmeas trocam de lugar, uma vivendo a vida da outra. O que seria apenas um truque bacana e excitante, emulando a vida real, provoca uma cascata de problemas.

Para ficar claro: a primeira Gina que vemos é a Leni, se passando pela irmã bem-sucedida durante um ano. E a verdadeira Gina estava na pele de Leni causando o maior caos.

Trocas de gêmeas são comuns na infância e adolescência, em situações inocentes. Echoes prova o quanto isso fica complexo ao ser feito na vida adulta.

Por mais que seja ruim e chata, Echoes é difícil de ser largada porque você quer ver onde aquilo tudo vai parar. O público é atraído mais pelo absurdo das reviravoltas do que pela qualidade da atração como um todo. Ou questões técnicas específicas, tipo roteiro, atuação e direção.

Chega a parecer que Echoes topou o seguinte desafio: quantas reviravoltas cabem em uma série? Zilhões, aparentemente.

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