TRAMA MEXICANA

A história real trágica e assombrosa de Três Vidas, nova série da Netflix

Narrativa é levemente inspirada em caso de gêmeos separados no nascimento
DIVULGAÇÃO/NETFLIX
Maite Perroni em cartaz da série Três Vidas
Maite Perroni em cartaz da série Três Vidas

Vem do México a nova série da Netflix que está dando o que falar. Protagonizada por Maite Perroni (Rebelde), Três Vidas embarca em uma jornada intrigante e cheia de mistérios sobre uma policial que se depara com uma mulher idêntica a ela. Esse encontro inesperado é o estopim de busca sobre o passado familiar. A série é levemente inspirada em história real trágica e assombrosa.

Na narrativa de Três Vidas, Maite Perroni interpreta três personagens, irmãs gêmeas com 33 anos recém-completados. O ponto de vista que sustenta a espinha dorsal da trama é o da policial forense Rebecca. Em uma noite de trabalho, ela vai averiguar os corpos de duas mulheres atingidas por tiros. Uma delas é Aleida, que é igual a Rebecca. 

Aleida chegou ao ali ao lado da psiquiatra Julia Batiz (Nuria Bages), com quem fazia um acompanhamento após passar por surtos psicóticos. Rebecca fica confusa com a situação, por ver que Aleida é idêntica a ela. A policial quer saber se são irmãs gêmeas mesmo e verdadeiramente descobrir o que aconteceu, desvendar aquilo que as fizeram viver separadas.

Mal sabe Rebecca que existe outra mulher por aí, chamada de Tamara, com a mesma fisionomia das duas. Eis outro elemento que aumenta a dose de mistério do drama, que faz tudo bem direitinho, chamando a atenção do espectador desde as primeiras cenas.

Maite Perroni em cena de Três Vidas
Maite Perroni em cena de Três Vidas

A história real de Três Vidas

Três Vidas é exemplo de almanaque sobre como pegar uma história real, tomar emprestado apenas o fato mais chocante e inserir vários aspectos fictícios para se criar uma narrativa dinâmica e interessante.

A própria Netflix vende Três Vidas como baseada em fatos reais. Só que não é uma adaptação ao pé da letra.

O fundamento da série é baseado na trajetória de vida de três irmãos gêmeos Robert Shafran, David Kellman e Edward Galland, que em 1980 se encontraram por acaso 19 anos após nascerem. Até aquele momento, um não sabia da existência do outro.

Robert foi quem conectou os pontos soltos. No primeiro dia de aula na faculdade, assim que entrou no campus, pessoas passaram a chamá-lo de Edward; ele não entendeu nada daquilo. Na sequência, ele se deparou com o tal Edward. Era como se estivessem olhando para um espelho.

Logo depois entrou em cena David. Os irmãos trigêmeos, crescidos em lugares e ambientes diferentes, passaram a viver juntos. Eles viraram sub-celebridades nos Estados Unidos, com presença em todo tipo de programa televisivo, contando a história incrível desse encontro.

A situação mudou quando algumas verdades vieram à tona. Sofrendo com doença mental, Edward cometeu suicídio, em 1995. Naquele mesmo ano, uma reportagem detalhada sobre os trigêmeos, publicada pela revista The New Yorker, revelou as motivações assombrosas da separação dos irmãos.

Eles, na verdade, faziam parte de um estudo psicológico monitorado pelo psiquiatra austríaco Peter Neubauer. Cada um dos meninos, recém-nascidos, foram direcionados para casas diferentes: um foi adotado por família de operários, outro entrou em família de classe média e um ganhou um lar abastado.

Neubauer queria descobrir se a genética, por alguma razão, iria influenciar no desenvolvimento social dos gêmeos, inseridos em lares distintos no recorte da sociedade. O foco principal seria pesar na balança a influência genética e social no crescimento de cada um do trio. Era o DNA contra o cenário de criação.

Sem saberem de nada, muito menos as famílias, os três foram monitorados durante anos sobre isso. Os pesquisadores ouviam eles, mas mentiam sobre a razão daquele acompanhamento. O estudo completo está em segredo, porém. Neubauer guardou a pesquisa nos arquivos da Universidade de Yale; o acesso só vai ser liberado em 2065, quando os três (possivelmente) não estarão mais presentes aqui na Terra.

Toda essa história foi contada no documentário Três Desconhecidos Idênticos, de Tim Wardle, lançado em 2018. Ovacionado pela crítica, a peça teve um sucesso inesperado nos cinemas, arrecadando dez vezes o valor gasto na produção, embolsando US$ 12,3 milhões só de bilheteria.

Wardle demorou quatro anos para convencer os irmãos Robert e David a toparem fazer o documentário. No Brasil, Três Desconhecidos Idênticos pode ser alugado na Apple TV e no Clarovideo.


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