Série cult que marcou uma geração, Charmed completa 25 anos neste sábado (7). Apesar de grandes momentos registrados ao longo das sete primeiras temporadas, o drama sobrenatural não encerrou a história com chave de ouro. A decepcionante oitava e última leva de episódios foi marcada pela adição de Kaley Cuoco no elenco. A atriz, no fim das contas, deixou uma má impressão.
O que parecia ser uma boa ideia no papel tornou-se um desastre na execução. A equipe criativa de Charmed (1998-2006) queria turbinar a trama na oitava temporada. Além de tentar um rejuvenescimento, existia a ideia de preparar um spin-off. Daí veio a contratação de Kaley Cuoco, recém-saída da sitcom 8 Simple Rules, na qual era uma das protagonistas e entregou um bom desempenhou.
Acontece que a inserção dela em uma trama pré-estabelecida e sólida, com mecanismo próprio e seguro, causou mal-estar. Foi a tempestade perfeita: a atriz era ainda muito jovem (20 anos), vinha de uma sitcom, não se adaptou ao modelo de gravação de dramas e a personagem parecia uma estranha no ninho, com um desenvolvimento pobre.
A juventude de Kaley era arma para renovar o público-base de Charmed, por isso foi contratada como se fosse uma estrela (nem audição fez). Sua personagem, a bruxa Billie Jenkins, era a novinha da turma. Tal qual uma aprendiz de feiticeira, ela tentava aprimorar as próprias habilidades para domar seu poder de telecinese sendo aluna do trio Piper Halliwell (Holly Marie Combs), Phoebe Halliwell (Alyssa Milano) e Paige Matthews (Rose McGowan)
Kaley não conseguiu entregar aos produtores da série o principal: carisma. O público fiel simplesmente não engoliu Billie, talvez por fazê-los lembrar da querida Prue Halliwell (Shannen Doherty), que deixou a trama de forma trágica na terceira temporada e tinha os mesmos poderes. Além do fato de Billie buscar certa independência das personagens principais.
Charmed fez como um jogador de futebol que se distrai ao perder o controle da bola por estar pensando no lance seguinte sem cuidar da jogada à sua frente. A série colocou Billie pensando no possível spin-off e preparou o terreno para tanto. Mas se esqueceu do presente e ficou sem uma coisa nem outra. A rejeição foi grande, a audiência despencou, a série foi cancelada… e claro que a atração filhote foi descartada.
A bruxa Billie Jenkins é meio que uma assombração que não larga do pé de Kaley Cuoco. Com frequência, a personagem volta à tona em entrevistas da atriz, mesmo após tanto tempo. Ela tenta destacar coisas positivas do trabalho, como o apoio que teve das atrizes veteranas (sempre fala coisas positivas de Alyssa Milano). Mas não se livra do lado negativo.
Invariavelmente, as coisas ruins que Kaley viveu em Charmed são citadas, desde a estafa pelas longas horas no set de gravação aos problemas com o figurino da personagem, sempre com roupas curtas e apertadas, chamando a atenção para a silhueta da atriz.
O fato curioso é que o fracasso de Kaley em Charmed pode ser encarado como positivo para a atriz. Além de entrar na conta das dores do crescimento necessárias no amadurecimento da carreira, o mico em Charmed minou futuros projetos da série. Isso a deixou livre para, no ano seguinte, cravar um papel de protagonista na sitcom The Big Bang Theory.
Lá, mesmo sem escapar do estereótipo da loira gostosona vestida com roupas curtas, a atriz ganhou uma personagem perfeita, moldada para ela. E sua carreira se transformou por completo.
Kaley Cuoco passou a ser uma das atrizes mais bem pagas da TV americana e se estabeleceu na indústria hollywoodiana. Como se estivesse em uma escada, The Big Bang Theory foi um degrau que a elevou para voos mais altos. Depois do fim da comédia, ela virou protagonista de The Flight Attendant, produção do streaming HBO Max que lhe rendeu duas indicações ao Emmy de melhor atriz de comédia.
Em tempo: neste instante, a Charmed original, que no Brasil recebeu o subtítulo de Jovens Bruxas, não está disponível no mundo dos streamings. O mesmo vale para o reboot, chamado de Nova Geração, exibido nos Estados Unidos entre 2018 e 2022.
João da Paz é editor-chefe do site Diário de Séries. Jornalista pós-graduado e showrunner, trabalha na cobertura jornalística especializada em séries desde 2013. Clique aqui e leia todos os textos de João da Paz – email: contato@diariodeseries.com.br
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