FAMA E PODER

10 anos de Empire: série hit no ibope dos EUA foi maltratada no Brasil

Marcado por escândalo, drama musical cravou espaço na cultura pop
DIVULGAÇÃO/FOX
Terrence Howard com Taraji P. Henson em cartaz de Empire
Terrence Howard com Taraji P. Henson em cartaz de Empire

Uma das séries americanas mais importantes da década passada, Empire completa dez anos nesta terça-feira (7). Sucesso de audiência nos Estados Unidos, destroçando recordes históricos, o drama musical foi maltratado no Brasil, com exibição em “ponto cego” na TV paga, remoção do ar e transmissões na madrugada da Globo. Atualmente, está indisponível no mundo dos streamings.

Empire fez parte da programação da rede americana Fox. Rapidamente, chamou a atenção dos telespectadores pela sua pegada novelesca e cheia de reviravoltas, retratando o dia a dia de uma gravadora dedicada à black music, tendo desde artistas consagrados a talentos retirados das ruas no plantel.

A estrutura do enredo seguia a fórmula infalível de tramas familiares. Dono da gravadora, o patriarca Lucious Lyon (Terrence Howard) é acometido por uma doença grave e precisa definir quem irá sucedê-lo no comando da empresa. Os seus três filhos estão na mira: Andre (Trai Byers), diretor financeiro da companhia; Jamal (Jussie Smollett), cantor e compositor de R&B; e Hakeem (Bryshere Y. Gray), jovem rapper.

Além de demorar para estrear no Brasil, foram sete meses de atraso, o drama não recebeu o tratamento que merecia dos canais pagos da Fox. Foi desde aqueles disponíveis nos pacotes básicos da TV por assinatura até fazer parte do experimento premium do conglomerado (um baita fracasso, registra-se). A atração não tinha consistência de horário de exibição nem um cronograma fixo para o telespectador acompanhar a história com tranquilidade.

A estreia na Globo aconteceu só em dezembro de 2017, quase três anos após o lançamento nos EUA. Estampando o subtítulo de Fama e Poder, Empire foi exibida tarde da noite, após o Jornal da Globo, sem nenhuma chance de atingir uma grande plateia.

Empire: cultura pop, audiência e escândalo

Nos EUA, Empire atingiu a estratosfera no quesito audiência, ao menos nas primeiras temporadas. A série conseguiu um feito raro, o de crescer no ibope episódio após episódio, algo visto pela última vez, até então, por Grey’s Anatomy, em 2005. O primeiro capítulo da temporada de estreia teve 9,9 milhões de telespectadores; o final da leva registrou 17 milhões. 

O drama musical não só liderou a audiência entre o público adulto (faixa de 18 a 49 anos), como chegou a ter o comercial mais caro da TV americana, indício do sucesso.

Quase de imediato, a personagem de Taraji P. Henson, a “perua” Cookie, cravou espaço na cultura pop, com seus chavões memoráveis e looks espalhafatosos. Taraji foi reconhecida pelo seu trabalho, vencendo o Globo de Ouro e o Critics Choice de melhor atriz de série dramática e indicada ao Emmy.

Empire, contudo, se desgastou com o tempo. Afinal, há um limite de truques novelescos a serem inseridos em uma série. Caminhando para o final, a narrativa perdeu força e fez o público evaporar. Um escândalo nos bastidores manchou a jornada da atração, acelerando o seu término.

Em janeiro de 2019, o ator Jussie Smollett disse ter sido vítima de um ataque de ódio, em Chicago. Ele afirmou que foi agredido por dois homens, que proferiram ofensas homofóbicas e racistas. Após investigação, a polícia local acusou Smollett de ter mentido e forjado o ataque contra si. O objetivo dele seria ganhar simpatia por ser vítima de homofobia e, assim, tentar negociar melhores contratos em trabalhos futuros.

O ator chegou a ser preso, mas pagou fiança e prestou serviços comunitários. Em novembro do ano passado, a Justiça dos Estados Unidos anulou por completo a condenação de Smollett.

Enquanto ele queimou o filme por causa dessa farsa, Empire pagou o preço. O showrunner Lee Daniels, criador do drama musical, disse com todas as letras que o cancelamento de Empire foi culpa de Smollett.

O desfecho de Empire foi melancólico. A série foi atrapalhada pela pandemia de Covid-19, que bagunçou o modus operandi de Hollywood. As gravações dos últimos episódios tiveram de ser interrompidas, bem no estouro do surto viral, no primeiro semestre de 2020. A sexta e derradeira temporada foi concluída no improviso, com dois episódios a menos do que planejado por Daniels.

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